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A guerra na Ucrânia e seu impacto na agricultura brasileira

A guerra na Ucrânia e seu impacto na agricultura brasileira: fertilizantes

O Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes utilizados nas lavouras do país. No caso do potássio, o percentual alcança 95%.

Esses números colocam o Brasil no patamar de maior importador mundial de fertilizantes e o quarto maior consumidor global.

Em 2021, o país bateu recorde nas importações de fertilizantes. Segundo dados divulgados pela Conab, o país importou 41,6 milhões de toneladas, aumento de 14% em relação ao ano anterior.

 De onde vem os fertilizantes utilizados no Brasil?

A Rússia é o principal país exportador de fertilizantes ao Brasil. Segundo o DataLiner, o Brasil, em 2021, importou da Rússia 7,2 milhões de toneladas, valor 33% superior ao ano de 2020.  

Fonte: DataLiner via DatamarNews

A grande dependência de fertilizantes importados coloca em risco autonomia da agricultura brasileira. O que se tornou grande preocupação neste momento de guerra, com o nosso principal importador envolvido no conflito.

Em entrevista à CNN a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que as importações de fertilizantes provenientes da Rússia estão suspensas

Vale ressaltar que a Rússia é o maior produtor mundial de nitrato de amônio, amplamente utilizado como fertilizante. No inicio de fevereiro, a Rússia suspendeu as exportações do fertilizante. Na época, alegou-se que a suspensão era para garantir o abastecimento do mercado doméstico, especialmente nesta safra, que será antecipada por causa do clima. O Brasil importa 1,5 milhões de toneladas de nitrato de amônio anualmente, e aproximadamente 98% é importado da Rússia, segundo Datamar News.

Devido a gravidade da situação, a ministra Tereza Cristina, em coletiva de imprensa afirmou que o Brasil possui fertilizantes suficientes para o plantio até outubro e que o governo já trabalha desde o ano passado com alternativas para garantir o suprimento para o setor. 

Segundo a ministra “A safrinha de milho já está acontecendo, então o que precisava de fertilizantes já está garantido. A safra de verão, que será no final de setembro, outubro, é uma preocupação, mas também temos do setor privado a confirmação de que há um estoque de passagem suficiente para chegar até outubro

O governo deve lançar ainda no mês de março o Plano Nacional de Fertilizantes, que visa reduzir a dependência do Brasil da importação de fertilizantes.

“O Brasil precisa tratar esse assunto como segurança nacional e segurança alimentar. Então, esse Plano, que fizemos lá atrás, há um ano, sem prever nada disso, era que o governo pensava que nós deveríamos ter para que o Brasil, que é uma potência agroalimentar, tivesse um plano de pelo menos 50% a 60% de produção própria dos seus fertilizantes”, disse a ministra sobre o plano que deve ser apresentado ainda este mês. 

Vale destacar que o Brasil é o único país produtor de alimentos em larga escala que não possui autonomia na produção de fertilizantes

O decreto para criação do Plano Nacional de Fertilizantes foi publicado em 22 de janeiro de 2021. O objetivo do plano é fortalecer políticas de incremento da competitividade da produção e da distribuição de insumos e de tecnologias para fertilizantes no país de forma sustentável, abrangidos adubos, corretivos, condicionadores e novas tecnologias, para diminuir a dependência externa e a ampliar a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.

Plano B

A ministra, em coletiva de imprensa declarou que está em contato com outros exportadores de fertilizantes para tentar garantir o suprimento o país.

Destacou que um Plano B seria buscar fertilizantes, mesmo que em menor volume, de países como o Chile, que pode fornecer potássio; também foram citados a Arábia Saudita, Catar, Israel e outros países de Oriente Médio como potenciais fornecedores de ureia. Além disso, a ministra destacou que já está em contato com grandes fornecedores, como Canadá, Irã e Marrocos

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