Para aumentar a produtividade das lavouras diversas ferramentas são utilizadas, desde a seleção das melhores sementes, até técnicas de plantio, controle de pragas e manejo. Dentre as inúmeras abordagens para o aumento de produtividade tem-se a fertilização das lavouras.
Os métodos de fertilização podem ser divididos em dois tipos: fertilização via solo ou fertilização foliar
Comparada com a fertilização via solo, ou radicular, a fertilização foliar, como estratégia de fertilização suplementar, pode fornecer nutrientes diretamente ao alvo através de partes aéreas da planta (Bindraban et al. 2015; Fernández e Eichert 2009).
Vantagens dos fertilizantes foliares
Os nutrientes podem ser absorvidos diretamente pelas folhas e transportados para outros órgãos. O que leva há uma rápida e eficiente reposição de nutrientes.
Por exemplo, em experimento com tomates, a aplicação de nanopartículas de TiO2 e ZnO foi mais efetiva quando realizada por via foliar do que via solo (Raliya et al. 2015). Outros autores, constataram que a aplicação foliar de Zn resultou em maior recuperação de Zn do que a aplicação via solo, em experimento utilizando trigo e milho (Wang et al. 2012).
Nutrientes de alta potência podem ser pulverizados no momento e concentrações ideais de acordo com as necessidades das culturas nos diferentes estágios de crescimento. O que pode ser mais adequado às necessidades da cultura em comparação com os fertilizantes aplicados no solo.
Por exemplo, o algodão depende principalmente das raízes para absorver nutrientes do solo. Devido à limitada capacidade de absorção de nutrientes do sistema radicular na fase de plântula e à reduzida atividade radicular nas fases posteriores, muitas vezes é difícil para a absorção radicular atender às necessidades nutricionais, sendo a fertilização foliar uma boa maneira de repor as raízes nesses dois períodos (Li et al. 2014b).
A aplicação foliar é benéfica para obter efeito sinérgico entre diferentes nutrientes. Por exemplo, a adição de sulfato de Zn (ZnSO4) ao Fe foliar aumentou o teor de Fe e Zn no arroz (Wei et al. 2012a), e a aplicação de Fe, Zn e Se, isoladamente e em combinação, promoveu o acúmulo de Ca em sementes de milho (Li et al. 2018).
A pulverização foliar de Mn associada ao silício (Si) aumentou o acúmulo de micronutrientes e os índices fisiológicos e bioquímicos, e refletiu em aumentos na produção de massa seca de plantas de milho e sorgo (Oliveira et al. 2020).
Efeitos da fertilização foliar
Efeitos nas lavouras
Estudos recentes mostraram que os nanofertilizantes de aplicação foliar são melhores do que os fertilizantes salinos normais para melhorar a qualidade, o rendimento e o metabolismo das culturas.
Por exemplo, nanopartículas de óxido de zinco (ZnO) penetram na superfície da folha mais facilmente em comparação com ZnSO4 transportado para o endosperma através do floema do trigo (Rossi et al. 2018; Cakmak et al. 2010).
Além de atender a demanda de nutrientes, estudos recentes mostraram que a aplicação foliar de nutrientes pode ser um método eficaz para melhorar a resistência ao estresse das culturas.
A aplicação foliar de Si pode estimular o crescimento das plantas sob condições de estresse, incluindo salinidade, deficiência ou excesso de água e temperatura alta ou baixa (Artyszak 2018).
Efeitos na Qualidade do Solo
A pulverização foliar permite que as plantas absorvam nutrientes diretamente de suas folhas em vez de fazê-lo via raízes, o que pode reduzir os efeitos adversos dos fertilizantes químicos nos solos e melhorar o ambiente do solo.
Alguns estudos têm demonstrado efeitos positivos da adubação foliar no ecossistema do solo. Por exemplo, após a pulverização com fertilizante de Si, os níveis de bactérias no trigo e milho foram 77% e 67% maiores, enquanto os níveis de fungos foram 31% e 39% menores do que nos controles, respectivamente (Xu et al. 2018).
A aplicação foliar de 5,0 g L−1 de nanopartículas de ZnO pode aumentar as contagens microbianas do solo e as atividades enzimáticas em arroz cultivado sob baixas concentrações de Zn no solo (Bala et al. 2019).
A redução da fertilização do solo e o aumento da fertilização foliar demonstraram não ter efeito sobre a produtividade do tomate, mas reduz efetivamente o nitrato residual e o P disponível na camada de solo de 0-20 cm (reduções máximas de 58% e 32%, respectivamente) (Sun et al. 2011).
Desvantagens da Fertilização Foliar
A eficácia da pulverização de fertilizantes é influenciada por muitos fatores, incluindo:
- espécie da planta
- status de crescimento
- composição e as propriedades físico-químicas do fertilizante foliar
- fatores ambientais, como temperatura e liminosidade
Em geral, os tratamentos foliares estão associados a dois problemas principais: absorção de nutrientes pelas folhas e transporte de nutrientes das folhas para outras partes da planta.
Muitos fatores afetam a capacidade de absorção de nutrientes das folhas. Por exemplo, pode ocorrer perda por transpiração da solução foliar ou o fertilizantes pode ser volatilizado na superfície da folha; portanto, a aplicação via solo pode ser superior à pulverização foliar em alguns casos (Zhang e Zhou 2019).
Sob curto período de seca ou estresse salino, a aplicação de adubação foliar não promoveu o crescimento das plantas, pois a seca reduziu a absorção de K, Ca, Mg e P (Hu et al. 2008).
Além disso, o curto tempo de contato de uma solução na superfície da folha e a rápida secagem na superfície da cultura também afetarão a absorção de nutrientes foliares.
A mobilidade dos nutrientes aplicados foliarmente nas plantas é outro fator importante na determinação da eficácia do fertilizante foliar. Um estudo realizado em feijão e indicou que todos os elementos aplicados nas folhas eram absorvidos e translocados, mas não na mesma proporção ou de acordo com o mesmo padrão; além disso, elementos como Ca, B, Fe, Mn e Zn tinham pouca mobilidade no floema (Bukovac e Wittwer 1957).
O Zn nas folhas de trigo mostrou mobilidade limitada e se moveu menos de 25 mm do ponto de aplicação após 24 h (Doolette et al. 2018).
A retranslocação de nutrientes das folhas para os órgãos drenos não é facilmente realizada em cultivos sob condições de pH elevado no floema, baixa taxa de transpiração e, principalmente, a imobilização de complexos com alta estabilidade.
Em resumo, a fertilização foliar é uma medida eficaz para melhorar o ambiente do solo e a qualidade das culturas. Especialmente, sob utilização restrita de nutrientes do solo e altas taxas de perda de nutrientes do solo (Fernández e Brown 2013), e quando as culturas estão em um período especial de crescimento, como senescência na fase de crescimento posterior.
A pulverização de fertilizantes foliares é um método de fertilização rápido, eficiente e direcionado, que pode ser combinado com a fertilização do solo para reduzir o uso de fertilizantes químicos e o acúmulo de salinidade no solo.
Para maximizar os efeitos da nutrição foliar, deve-se atentar para o momento e concentração da formulação (incluindo suas interações), de acordo com as características das culturas tratadas e a fertilidade do solo.
Mais estudos sobre essas questões ainda são necessários, principalmente no que diz respeito à combinação de solo e adubação foliar.
As informações desta matéria foram retiradas do artigo “Effects of foliar fertilization: a review of current status and future perspectives“