Entenda como a exposição ao Sol contribui para a diferenciação de cafés especiais dentro da mesma zona de manejo
O Brasil tem se destacado nos últimos anos como maior produtor e exportador mundial de café, possuindo cerca de 300 mil estabelecimentos produtores.
Os tipos de café classificados como especiais possuem valores de venda até 40% maiores do que os convencionais, o que desperta maior interesse por parte dos produtores. Apesar dos aspectos sensoriais serem os mais utilizados para identificar um café especial, aspectos ambientais do local de produção que podem influenciar na qualidade do produto final, tais como
- Microclima;
- Tipo de solo;
- Altitude;
- Direção do vento;
- Umidade;
- Radiação solar e
- Face à exposição ao sol.
Devido a esses aspectos ambientais, a agricultura de precisão auxilia na caracterização da variabilidade espacial. Os sensores proximais indicam a variabilidade dos índices de vegetação e relativo de clorofila presentes na cultura, que auxilia na identificação de regiões dentro de uma mesma área de cultivo com potencial para obtenção de um produto final de maior qualidade.
A mineração de dados é realizada então para descrever investigação da correlação existente entre índices de vegetação e índice relativo de clorofila (IRC) com relação à face de exposição ao sol em culturas de café especiais, com o objetivo de definir variáveis capazes de auxiliar no delineamento de zonas de manejo que permitam diferenciar a qualidade do café produzido.
Os dados deste estudo foram coletados em 2017 em duas áreas de produção de cafés especiais no sul de Minas Gerais:
- A Área 1 corresponde a parcelas de dois talhões, com variedade Catuaí, totalizando 5 ha no município de e Paraguaçu.
- A Área 2 corresponde a parcelas de 3 talhões, com as variedades Catucaí IAC144, Obatã e Catuaí Amarelo, totalizando aproximadamente 1,5 ha da área no município de Conceição da Aparecida.
Os pontos de coleta foram diferenciados de acordo com a exposição ao sol das duas áreas de estudo relacionados a biomassa e clorofila. Nos pontos amostrais foi utilizado o sensor Crop Circle, que mede seis diferentes bandas espectrais que cobrem as regiões do verde, vermelho, azul, infravermelho próximo e rededge e é capaz de obter o NDVI e NDRE.
A partir dos mapas gerados para os índices NDVI, NDRE e IRC, foram planejadas as análises de agrupamento considerando diferentes combinações de atributos de entrada, proporcionando a obtenção de potenciais mapas de zonas de manejo.
Os resultados obtidos para as duas áreas mostraram alta correlação das faces de exposição ao sol com o índice IRC, medido pelo sensor SPAD-502. O melhor desempenho geral oberservado foi do índice NDRE com relação ao NDVI para esse contexto. Essa diferença pode ser explicada pelo fato dos dados terem sido coletados no início do período reprodutivo, logo após a floração, onde existia uma mistura de folhas completamente expandidas e outras com crescimento vegetativo inicial.
Desse modo, pode-se concluir que a variabilidade espacial da quantidade de clorofila presente nas plantas é importante para o delineamento de zonas de manejo individuais para as diferentes faces, com o objetivo de identificar cafés de maior e menor qualidade dentro de uma mesma área de cultivo. Os índices de biomassa NDVI e NDRE, amplamente utilizados para identificação de variabilidade espacial de diferentes culturas agrícolas, quando combinados com a quantidade de clorofila disponível, também apresentaram resultados satisfatórios.
RANZA, E. A. S. et al. Influência das diferentes faces de exposição ao sol nos índices vegetativos e relativo de clorofila e e m cafés especiais. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/216887/1/PC-Influencia-cafes-especiais-SBIAGRO-2019.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2023.